dia de campo

a
Esqueceu a senha?
Quero me cadastrar
     04/05/2024            
 
 
    

Estão se confirmando as expectativas colocadas neste mesmo espaço no número de janeiro da Agroanalysis, no artigo “Um bom ano”: os preços das commodities continuam bem acima da média histórica (alguns até subiram mais um pouco nos últimos dois meses), os custos dos insumos também aumentaram e já se ouve falar que os preços dos alimentos estão em um novo patamar, que não cairão mais... E até já tem gente dizendo que são os agricultores os culpados pela inflação...

Tudo conforme previsto. E a previsão não foi nenhuma arte de futurologia. Apenas bom senso e quilometragem. Apenas a certeza de mais um ciclo.

É tudo tão óbvio! Quando a oferta não atende à demanda e os estoques diminuem, os preços sobem. E tome inflação! Ninguém pergunta porque a oferta não cresceu, se houve seca, enchente ou o que... Como existe uma razão concreta para os preços subirem, os especuladores investem no setor, elevam ainda mais os preços e realizam lucros enormes. E tome inflação! Com os preços altos, todo mundo quer plantar mais para aproveitar a boa onda. Vão ser necessários mais insumos (adubos, sementes, máquinas, equipamentos, corretivos, defensivos, etc) e mais serviços (crédito, transporte, armazenagem, embalagem, distribuição) e tudo isso aumenta de preço. Os custos sobem. E tome inflação! Culpa do produtor, claro, este bandido que não pode ter lucro... Plantar mais e mais caro, para que?

O que não se diz é o outro lado desta obviedade: se todo mundo vai plantar mais, é claro que a produção vai crescer, e a oferta idem. E se o “tempo correr bem” (chuvas na hora certa), os estoques crescerão, atendendo com sobra a demanda. E os preços cairão. Inflação também cai. Alguém é responsável?

E mais: quando este equilíbrio se refaz, os preços agrícolas voltam a cair para a curva descendente normal, desaparecem os alarmistas do novo patamar ou os terroristas que chegam a dizer que vai haver guerra por causa disso.

E ninguém, ninguém mesmo, se lembra do essencial: os fabricantes de insumos e os supridores de serviços devem realizar seus lucros. Sendo assim, embora os preços agrícolas já sejam cadentes, os custos ainda sobem por um tempo, até os investimentos industriais terem sido amortizados. É aí que mora o perigo: preço agrícola baixo e custo alto significa inadimplência e endividamento. E tome renegociação de dívidas. Tão óbvio!!! Tão certo como dois e dois são quatro.

Ora, se estes ciclos são tão evidentes, o que precisa ser feito para evitar o desastre anunciado? Os países desenvolvidos já resolveram isso através de inúmeras medidas protecionistas. Nós, aqui no Brasil, só precisamos de um seguro agrícola funcionando plenamente. Um seguro contra riscos climáticos, contra pragas e doenças e sobretudo contra os problemas do mercado volátil...
Não é tão complicado. Mas depende substancialmente de vontade política do governo federal. Do governo todo, e não apenas do Ministério da Agricultura, que sempre insistiu nisso. E também dos governos estaduais, que não podem ficar esperando eternamente ações de Brasília.

Mas, o que acontece, na outra fase dos ciclos tão conhecidos?

Quando as coisas estão bem – como agora – o governo não se mexe porque acha que não precisa. E quando vem a quebradeira, a inadimplência, e uma renegociação é necessária para evitar o caos, o governo acusa os agricultores de especuladores, de maus planejadores, de caloteiros, de irresponsáveis ou inconsequentes. E tome briga interminável, porque em casa que falta pão todo mundo grita e ninguém tem razão.

Estamos, sim, em um bom ano.

Por isso mesmo, é hora de armar a estratégia indispensável para manter a estabilidade de renda no setor produtivo, porque isto interessa à toda a sociedade, e não apenas aos produtores rurais. Um país abastecido é um país em paz. E na paz a democracia floresce.
O que desejamos nós, além de paz e democracia? 

* Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior de Agronegócio da FIESP e professor de Economia Rural da UNESP/Jaboticabal
 

Aviso Legal
Para fins comerciais e/ou profissionais, em sendo citados os devidos créditos de autoria do material e do Jornal Dia de Campo como fonte original, com remissão para o site do veículo: www.diadecampo.com.br, não há objeção à reprodução total ou parcial de nossos conteúdos em qualquer tipo de mídia. A não observância integral desses critérios, todavia, implica na violação de direitos autorais, conforme Lei Nº 9610, de 19 de fevereiro de 1998, incorrendo em danos morais aos autores.
Geovano Parcianello
01/06/2011 - 10:41
Para muitas culturas o momento esta ¾timo, caso da soja, milho e tambem a carne, mas para o ARROZ estamos vivendo o pior momento das ultimas decadas. Estamos com a maior produtividade e produþÒo da historia do Rio Grande do Sul, porÚm amargando o pior momento financeiro(pior preþo dos ultimos anos, com dividas de financiamentos e custeios e o pior tem gente que perdeu lavouras de arroz no ano passado por inundaþÒo e refinanciou imaginando que poderia pagar este ano), assim podemos ver que a falta de uma politica agrÝcola sÚria, e o descaso de nossos governantes, os quais fazem atÚ retalhaþ§es as nossas entidades que nos defendem, comprometem a permanecia do homem no campo e o equilibrio da produþÒo e do preþo dos produtos.

Luiz
03/06/2011 - 14:05
Fantßstico!!!! Precisamos do Sr de volta no MAPA.

Para comentar
esta matéria
clique aqui
2 comentários

Cooperativismo - Artigos já Publicados

Balanço social e ambiental
26/02/2015

Baixo carbono e baixa auto-estima
05/04/2013

Sustentabilidade e saudabilidade
03/09/2012

Cooperativismo, passado e presente
23/05/2012

Representação classista
29/02/2012

Cooperativismo
01/02/2012

Um fórum para avançar em P&D
23/01/2012

Imagem errada
27/07/2011

Intervenção, não!
29/06/2011

Mais um ataque
29/04/2011

Um bom ano
28/03/2011

ABC
18/02/2011

OCB faz 40 anos
06/01/2011

Uma nova revolução tecnológica
03/12/2010

Democracia e poder
29/10/2010

Mais irrigação
29/09/2010

Inovação
30/07/2010

Ibovespa e mercado interno
02/07/2010

As boas novas do leite
28/05/2010

Renascimento
24/03/2010

A Segunda Onda
17/11/2009

Conteúdos Relacionados à: Agronegócio
Palavras-chave

 
11/03/2019
Expodireto Cotrijal 2019
Não-Me-Toque - RS
08/04/2019
Tecnoshow Comigo 2019
Rio Verde - GO
09/04/2019
Simpósio Nacional da Agricultura Digital
Piracicaba - SP
29/04/2019
Agrishow 2019
Ribeirão Preto - SP
14/05/2019
AgroBrasília - Feira Internacional dos Cerrados
Brasília - DF
15/05/2019
Expocafé 2019
Três Pontas - MG
16/07/2019
Minas Láctea 2019
Juiz de Fora


 
 
Palavra-chave
Busca Avançada